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7 Dias em Entebbe: Na Época da Humanização de Vilões, Lembrar Vítimas e Heróis

Por Daniel Pomerantz: O filme No último fim de semana ocorreu a estréia no Reino Unido, do novo filme “7 Dias em Entebbe”, um drama histórico sobre o famoso seqüestro do avião da Air France…

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Por Daniel Pomerantz:

O filme

No último fim de semana ocorreu a estréia no Reino Unido, do novo filme “7 Dias em Entebbe”, um drama histórico sobre o famoso seqüestro do avião da Air France que se dirigia à Israel, e a operação israelense de resgate.

Embora ainda não tenhamos visto o filme, de acordo com as avaliações iniciais, ele é especialmente simpático aos terroristas. De fato, parece que estamos vivendo em uma era de relativismo moral, revisionismo histórico e simpatia (na minha opinião, inexplicável) para com alguns dos mais óbvios “maus autores” do mundo.

Então, pareceu-me um momento adequado para fazer a revisão de um livro sobre o assunto.

Em seu livro “A Última Batalha de Yoni”, o autor Iddo Netanyahu conta a história dos terroristas que visaram especificamente judeus porque eram judeus, apenas três décadas após o fim do Holocausto, e os enormes riscos que Israel tomou para salvá-los.

Num momento em que grande parte do mundo está apaixonado por “humanizar” vilões da história, Iddo nos recorda a humanidade frequentemente esquecida dos reféns e seus libertadores: não como soldados ou vítimas, mas como pessoas.

O sequestro

Em 1976, terroristas palestinos e alemães seqüestraram um avião que ia para Israel e, com a ajuda do exército ugandês, fizeram mais de 100 passageiros reféns no aeroporto de Entebbe, na Uganda. Os terroristas detiveram especificamente israelenses, bem como qualquer passageiro que parecesse ser judeu, e libertaram os outros. (O capitão Michel Bacos e a tripulação do Airbus da Air France seqüestrado recusaram-se a abandonar os reféns e permaneceram cativos também). Em 4 de julho, Israel fez o que se pensava ser impossível: voou mais de 3.000 km para Uganda, libertou os reféns e os levou em segurança à Israel.

Yoni, Iddo e o livro

Além dos próprios terroristas e dos soldados ugandeses que os protegiam, houve apenas uma vítima na “Operação Thunderbolt”: seu comandante Yoni Netanyahu. (Uma refém, Dora Bloch, que havia sido removida para um hospital ugandense, morreu posteriormente também: mas ela não foi, estritamente falando, uma vítima da operação).

O irmão de Yoni, Iddo Netanyahu, adquiriu minuciosamente relatos de primeira mão, que compilaram o livro “A última batalha de Yoni”. (O outro irmão de Yoni, Benjamin Netanyahu, é o atual primeiro-ministro de Israel.)

Com base em histórias pessoais daqueles que conheciam Yoni de perto, o livro dá ao leitor a sensação de “estar lá”, desde os estágios de planejamento iniciais, passando pela política caótica de aprovar a missão e, finalmente, até a sua execução dramática.

Sayeret Matkal

Conhecida como “a Unidade”, Sayaret Matkal é a lendária e secreta unidade de forças especiais das Forças de Defesa de Israel (IDF) que foi encarregada de realizar a Operação Thunderbolt. O livro traz o leitor para dentro da história: dentro das bases de treinamento, da estrutura de comando, e até mesmo da política de tomada de decisão.

Começamos com a notícia do seqüestro, os estágios de planejamento de uma possível operação com inteligência limitada, até mesmo as ferramentas que os soldados usaram para criar um sistema de treinamento viável: incluindo o uso de tecido de tendas para criar maquetes simples do terminal do aeroporto de Entebbe. Flashbacks nos mostram a história de como Yoni se tornou comandante da Unidade, bem como experiências formativas de sua infância.

Apoio

A Força Aérea de Israel (IAF), o herói central de inúmeros livros e filmes, assume um papel de apoio na narração de Iddo. Este é um lembrete significativo de que a IDF é um esforço cooperativo: ela é mais do que apenas uma unidade ou um soldado.

A IAF foi encarregada de realizar um desembarque clandestino quase impossível em território hostil, com recursos limitados e aviões quase sobrecarregados com soldados e veículos. Os pilotos não só tiveram que voar uma distância sem precedentes de Israel de modo indetectável, mas também tiveram que se preparar para a possibilidade de pousar no escuro, usando um sistema secreto baseado na visualização do radar. (O desembarque no escuro não foi necessário no final, mas eles não souberam até o último momento.)

A brigada Golani desempenhou um papel crítico ao dar apoio de fogo: encarregada de deter todo o exército ugandês, se necessário, enquanto a unidade de paraquedistas ficou responsável por proteger o terminal aéreo civil, e outras tarefas.

Outras unidades também desempenharam papéis críticos: equipes médicas de combate que tiveram que estar preparadas para a possibilidade de tratar soldados e civis sob fogo cruzado, equipes logísticas que tiveram que operar rapidamente e em segredo, até mesmo uma equipe automotiva que preparou a famosa limusine que a Unidade usou como uma artimanha para levar seus soldados ao aeroporto sem serem detectados. (O único veículo que a IDF podia obter em tão curto tempo tinha a cor errada e um motor defeituoso, e ambos poderiam ser mortais).

É claro que o foco principal da história é a Unidade, que fez o primeiro ataque rápido e meticulosamente planejado, matando ou desabilitando todas as forças hostis numa área imediata antes que alguém pudesse matar um refém.

A história por trás da história

Cada elemento conhecido da Operação Thunderbolt foi resultado de uma preparação significativa e um tanto desconhecida. Iddo leva o leitor a um passeio pelo processo: o desenvolvimento de soluções criativas, práticas e testes, até mesmo o convencimento de vários níveis do comando e do governo da viabilidade de cada elemento. O leitor termina com uma profundidade de entendimento que é rara na literatura de história de guerra.

O mais surpreendente para mim foi a revelação de que até o último momento, achava-se que a missão não seria aprovada e que eles estavam se preparando para o que seria um exercício puramente teórico.

Como esperado, Iddo mergulha na psicologia por trás de Yoni: o que o guiou, seu estilo de pensamento e comando; Iddo até sugere as qualidades de abnegação que podem ter contribuído para sua morte. Nós vemos não só de dentro da operação, mas dentro dos pensamentos de seu comandante.

O significado

Não se pode enfatizar o quão incomum e importante foi essa operação. Em 1976, Israel era considerada, na melhor das hipóteses, um poder regional e um poder vulnerável. A maior parte do mundo (incluindo a maioria dos israelenses) achava inconcebível que Israel pudesse operar tão longe de casa.

Uma missão fracassada teria cimentado a noção de Israel como um poder local limitado: colocando seus cidadãos em maior perigo de mais ataques como aquele. O sucesso da Operação Thunderbolt estabeleceu uma nova percepção de Israel, se não como um verdadeiro poder global, pelo menos como um poder capaz de proteger seus cidadãos e interesses em qualquer lugar da Terra.

Não só os perigos pessoais, mas também os riscos históricos e nacionais, pesavam nas mentes de cada participante dessa história.

Operação Yoni

A Operação Thunderbolt passou a ser chamada de Operação Yoni, em homenagem ao seu comandante e única vítima, embora Iddo não se esqueça de que o paramilitar Surin Hershko foi deixado paralisado, e a refém Dora Bloch, que havia sido removida para um hospital ugandense, morreu depois.

Iddo é, sem surpresa, parcial em relação a seu irmão, que é, afinal, o herói do livro. Ele retrata Yoni como um paradoxo: o soldado-intelectual, um fã da literatura e do aprendizado, mas também um comandante excepcionalmente talentoso. Iddo credita Yoni com grande parte do sucesso de toda a missão.

No entanto, há outras opiniões também: competição, ciúme, até mesmo objeções diretas ao seu estilo e abordagem. Iddo permite ao leitor vislumbrar tudo isso. Embora Yoni seja hoje visto como um herói idealizado, durante sua vida ele foi uma pessoa real: com todas as falhas e contradições que isso implica. E mesmo que a famosa missão seja agora lembrada como um sucesso impressionante, os soldados, comandantes e políticos sentiram tanto medo e dúvida quanto alguém poderia esperar de qualquer pessoa.

Em uma passagem particularmente humanizadora, Iddo escreve:

Naquele momento, no final da noite anterior à operação, eles se sentiram sobrecarregados pelas dúvidas e tinham pouca fé na chance de sucesso. Para a maioria, aquele humor era produto das condições objetivas que enfrentavam. Mas também era a expressão da insatisfação que dois ou três sentiam com a liderança de Yoni – um descontentamento que havia crescido e diminuído durante seus anos como seu comandante, mas nunca foi resolvido.

Existem inúmeros livros e artigos sobre a Operação Yoni: históricos, jornalísticos, acadêmicos e muito mais. Este é o primeiro livro que leio sobre o resgate em Entebbe escrito de um ponto de vista verdadeiramente pessoal: uma história que coloca o leitor no sapato de seus personagens, tão vividamente como qualquer romance. A Última Batalha de Yoni é uma adição valiosa para a nossa compreensão de Israel, e uma leitura muito significativa.

 

A Última Batalha de Yoni está disponível pela Editora Gefen NESTE link.

 

Imagens: em destaque: Studio Paz, Jerusalém via Gefen Publishing; Sayeret Matkal: blog da IDF; cartaz do filme: Participant Media and Working Title Films.

 

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