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Para Entender o Sionismo, Leia Theodore Herzl Não Mahmoud Abbas

Por Paul Gross, membro do conselho israelense de diretores do HonestReporting, parceiro sênior do Menachem Begin Heritage Centre em Jerusalém, escritor e palestrante sobre a história e política de Israel. Paul já escreveu para vários…

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Por Paul Gross, membro do conselho israelense de diretores do HonestReporting, parceiro sênior do Menachem Begin Heritage Centre em Jerusalém, escritor e palestrante sobre a história e política de Israel. Paul já escreveu para vários veículos israelenses, britânicos, americanos e canadenses. As opiniões expressadas aqui são particulares do autor.


2018 começou com um raro presente para os defensores de Israel, vindo do presidente da Autoridade Palestina (AP), Mahmoud Abbas. Um dos mitos do Oriente Médio mais amplamente aceito pela mídia ocidental é a “moderação” do líder da AP. Ele é constantemente retratado como um buscador da paz, frustrado em seus esforços para alcançar um acordo com o governo israelense “linha dura” (ou, às vezes, “extrema direita”) de Benjamin Netanyahu. Não importa que Abbas seja o homem que se recusou a aceitar a oferta israelense de dois Estados mais concessiva que já existiu, de Ehud Olmert em 2009. Desde então, ele já se afastou duas vezes das negociações com Netanyahu mediadas pelos EUA, mesmo depois que o primeiro-ministro da “linha dura” de Israel congelou a construção de assentamentos (em primeira instância) e libertou terroristas palestinos (na segunda).

Então, como Abbas nos ajudou no início do ano? Bem, em um longo discurso historicamente analfabeto e com teorias de conspiração, para o Conselho Central da OLP, Abbas forneceu todas as evidências necessárias para destruir o mito da “moderação”. O discurso incluiu histórias fabricadas rotuladas como “antissemita”, não por Netanyahu, mas por Avi Gabbay, líder da oposição de esquerda no Knesset. A lista de libelos incluiu a negação da conexão judaica com Jerusalém; uma tentativa infantil de mostrar superioridade histórica, alegando que os palestinos são os descendentes dos cananeus bíblicos; e o falso incrédulo “Quando é que rejeitamos negociações?” (Qualquer negociador israelense e americano frustrado poderia fornecer-lhe uma lista de datas.)

E então houve isso. Uma breve referência à visita formativa de Theodore Herzl à Palestina no final do século XIX:

Quando Herzl chegou à Palestina, ele viu pessoas, seres humanos, cidadãos. Então ele disse: “Devemos apagar os palestinos da Palestina, para que ela se torne uma terra sem povo para um povo sem terra.”

Shlomo Avineri
Prof. Shlomo Avineri

Isso me pareceu importante por dois motivos. Um foi um acidente de timing; eu havia acabado de terminar de ler uma excelente biografia de Herzl escrita pelo renomado professor israelense Shlomo Avneri. Ao contrário de Abbas, Avineri é um especialista em sionismo e um sério acadêmico. (A tese de doutorado do Dr. Mahmoud Abbas argumenta que os sionistas exageraram no número de vítimas do Holocausto e colaboraram com os nazistas).

Avineri dedica um capítulo de seu livro à novela utópica de Herzl de 1902, Altneuland, sua representação do Estado judeu que o movimento sionista criaria. Nesta política judaica imaginada, os árabes viviam ali como cidadãos iguais. Na verdade, o vilão da novela é um candidato racista à eleição judaica, que acreditava que se devia negar o direito de voto aos não-judeus. Ele é derrotado na eleição por um candidato que defendia direitos iguais para todos os cidadãos.

O sionismo de Herzl via explicitamente os árabes da Palestina “como iguais, parceiros na cidadania que votariam e seriam eleitos para as instituições públicas da sociedade”. Uma visão que se tornou realidade quando o real “altneuland”, o Estado de Israel, foi estabelecido em 1948, com direitos iguais para seus cidadãos não-judeus, consagrados em sua Declaração de Independência.

A segunda razão pela qual a difamação de Herzl por Abbas é importante é a sua implicação e o efeito dessa implicação. A afirmação de que Herzl – e, portanto, o sionismo desde o início – era racista, imperialista e brutal, é a base de grande parte da propaganda anti-Israel que enfrentamos nos meios de comunicação, nos campus universitários e em outros lugares. Embora a ONU tenha revogado a sua desprezível resolução “sionismo é racismo” de 1975, o sionismo continua a ser uma palavra suja nos círculos liberais em todo o mundo ocidental.

Chaim Herzog
Embaixador israelense Chaim Herzog rasgando uma cópia da resolução 3379 da Assembléia Geral da ONU que chamava o sionismo de “uma forma de racismo e discriminação racial” em 1975.

O que torna esta narrativa ainda mais perniciosa é que ela infecta o debate mais amplo sobre Israel. Cada país às vezes age de forma que atrai críticas da mídia internacional; mas somente Israel tem sua legitimidade como Estado questionada devido a políticas controversas. O sionismo, a ideologia fundadora do Estado, é moralmente manchada; portanto, Israel permanece constantemente em “liberdade condicional”.

Podemos ver os resultados tóxicos disso em inúmeras notícias sobre o conflito com os palestinos. As falhas e os erros de Israel são destacados, mas não os dos palestinos. A construção de assentamentos é notícia, mas não a incitação palestina ao terror. Os palestinos são vítimas indefesas, um povo oprimido não responsável por suas ações, infantilizados e amedrontados a cada passo, independentemente da violência que cometerem – e não importa que sua pobreza e desespero sejam resultado tanto da corrupção e da criminalidade da Autoridade Palestina quanto das políticas israelenses.

Essa é a narrativa, aqui está a realidade. Desde o início, o movimento sionista previu uma Israel democrática. Israel foi estabelecida como uma democracia em 1948, numa época em que não havia mais de vinte décadas de democracias no planeta. E ao contrário de quase todos os outros países que emergiram durante aquela época de criação de Estados após o colapso dos impérios europeus, Israel permaneceu uma democracia desde o primeiro dia até o presente.

Israel tornou-se um super-poder militar, mas isso não tem nada a ver com algum impulso militarista sionista inerente. Israel lutou várias guerras contra Estados e, mais recentemente, com organizações terroristas, expressamente comprometidas com sua aniquilação. Israel hoje tem o Hamas em uma fronteira, o Hezbollah em outra, e as ruínas dominadas pelo Irã do que costumava ser a Síria em um terceiro lado. Cada um desses vizinhos problemáticos vê a destruição de Israel como um imperativo religioso. Quando a única maneira de apaziguar um inimigo é cometer suicídio, a situação exige forças militares e a vontade de exercê-las.

Concluirei com outra notícia recente, que atraiu muito menos cobertura do que o discurso de Abbas: a revelação de que a Inteligência Militar das Forças de Defesa de Israel (IDF) ajudou a sabotar um ataque terrorista do ISIS contra um avião australiano no verão passado. Os países europeus que apontam com frequência o dedo diplomático para Israel têm serviços de inteligência demasiadamente agradecidos pela assistência que recebem do Mossad e da IDF na frustração de atos terroristas. No conflito global de hoje entre sociedades livres e abertas e terroristas islâmicos e os Estados que os patrocinam, Israel não está apenas no lado certo da luta, mas está liderando o caminho. Enquanto isso, nosso amigo “buscador da paz”, Mahmoud Abbas, acaba de aumentar o pagamento anual para as famílias de terroristas palestinos para 403 milhões de dólares americanos, 7% do orçamento da Autoridade Palestina.

Abbas e outros propagandistas continuarão a espalhar mentiras e desinformação, e muito do mundo continuará a engoli-las. Israel, chegando aos 70 anos de idade, continuará a fazer o que deve para sobreviver e prosperar como o Estado judaico e democrático com o qual Theodore Herzl sonhou.

 

Imagens: Abbas por Flash90; Avineri via YouTube/TheJerusalemCenter; Herzog via YouTube/IsraelArchives;

 

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