A semana ainda está no meio, mas em dois dias, três eventos diferentes envolvendo israelenses e palestinos conseguiram captar a atenção da mídia mundial: 2 ataques terroristas de palestinos contra israelenses e a morte de um terrorista palestino em confronto com o Exército de Israel (IDF).
Na 2a feira, o rabino Itamar Ben Gal, de 29 anos, foi esfaqueado no peito por um palestino enquanto esperava um ônibus na entrada da colônia de Ariel, na Cisjordânia. Itamar não resistiu aos ferimentos e faleceu no hospital. Enquanto não encontramos relatos imprecisos do ocorrido, ficamos nos perguntando por que a IstoÉ online usou a imagem abaixo para ilustrar a notícia.
Não havia uma imagem que realmente ilustrasse o trágico e mortal ataque que tirou a vida de um civil israelense, pai de 4 filhos, ao invés de mostrar o confronto entre um palestino com pedras e um soldado israelense armado de um ângulo que coloca o soldado em completa desvantagem, sem contexto algum?
Mas continuemos…
Ontem, a IDF entrou na cidade palestina de Nablus, na Cisjordânia, em uma operação para prender o assassino de Itamar, e foi confrontada por cerca de 500 palestinos que atacaram os soldados com pedras, bombas, explosivos, e também atiraram com fogo vivo. Na resposta da IDF ao confronto, um palestino foi morto.
O Diário Catarinense fez a seguinte manchete:
Além de a manchete sugerir que a IDF fez um “ataque” onde matou um palestino, a matéria não explica em momento nenhum que centenas de palestinos atacaram os soldados israelenses e isso levou a um confronto maior que resultou na morte do palestino em uma troca de fogo.
Por fim, hoje cedo, mais um ataque terrorista. Desta vez de um palestino contra um guarda de segurança israelense na colônia de Karmei Tsur, na Cisjordânia. O guarda sentava em sua guarita quando foi atacado pelo palestino Hamzeh Yousef Zamaareh. O guarda foi esfaqueado na mão, quando um segundo guarda veio e matou Hamzeh.
Esta foi a melhor manchete que o Estadão conseguiu fazer sobre o ataque:
Além de não identificar que se trata de um policial israelense, a manchete inverte a ordem cronológica dos fatos, o que confere muito mais atenção ao fato de que mais um palestino morreu. Por que não fazer uma manchete mais precisa, como “Palestino esfaqueia policial israelense e é morto”?
O mesmo raciocínio poderia ser aplicado à manchete do Estado de Minas:
Será que é tão difícil noticiar ataques da exata forma que eles ocorrem? São pequenas mudanças na informação que mudam todo o contexto e todo o entendimento do leitor, e elas são cruciais para que se faça um jornalismo justo e ético.
O HonestReporting entrou em contato com os veículos para pedir modificações.
Imagem em destaque: Ben Dori/Flash90
