A agência de notícias AFP divulgou ontem uma matéria denunciando que mais de 50 palestinos morreram em 2017 enquanto esperavam permissão para entrar em Israel para receber tratamento médico. A mesma matéria foi veiculada pela UOL, Estado de Minas, IstoÉ, Diário de Pernambuco e Correio Braziliense.
Enquanto a AFP não diz ao menos uma palavra de como a situação é vista e administrada pelo lado israelense, nós resolvemos compilar algumas informações para ajudar você, leitor, a ver o quadro maior, e entender o que se passa na região.
A falta de contexto nestes casos é simplesmente alarmante.
A Faixa de Gaza é governada pelo Hamas, que é considerado uma organização terrorista pela Austrália, Canadá, Egito, União Européia, Israel, Reino Unido e Estados Unidos: em suma, pela maioria do mundo ocidental.
O Hamas não só considera estar em guerra com Israel como também trabalha para a destruição total do país e para o assassinato de todos os judeus: um objetivo que o Hamas defende publicamente e é, na verdade, um componente central de sua Carta fundadora.
O resultado é que civis israelenses vivem sob constantes lançamentos de foguetes e outros ataques de Gaza.
No entanto, Israel trata uma enorme quantidade de palestinos em hospitais israelenses todos os anos: os números mais recentes divulgados pela COGAT mostram que 30 mil palestinos de Gaza receberam tratamento médico em Israel, em 2016, além de 7 mil toneladas de suprimentos médicos que foram transferidos de Israel para hospitais e clínicas na Faixa de Gaza. Em 2015, foram 190 mil palestinos da Cisjordânia tratados em hospitais israelenses.
Os palestinos têm maior expectativa de vida, menor mortalidade infantil e saúde global melhor que a maioria de seus vizinhos árabes, devido em grande parte ao tratamento em hospitais israelenses, bem como investimentos estrangeiros (inclusive israelenses) nos sistemas de saúde palestinos.
Outro contexto omitido pela AFP é que o Hamas recebe 100 milhões de dólares de ajuda estrangeira por ano, e ao invés de investir na saúde, ele usa o dinheiro para financiar sua guerra contra Israel: construindo armas e túneis em vez de hospitais e infra-estrutura. Você consegue imaginar quantos tratamentos médicos o governo palestino poderia ter fornecido com esses fundos?
A AFP também não comenta que o Hamas constantemente transforma seus hospitais em sedes militares, e palestinos usam suas ambulâncias para simples transporte em protestos violentos contra Israel.
Há ainda o fato perturbador de que, às vezes, pacientes palestinos tentam explodir os próprios hospitais que os tratam: como as irmãs Diana e Nadia Hawila, que foram pegas tentando contrabandear explosivos para a clínica onde estavam sendo tratadas por câncer; ou Wafa al-Biri, que contrabandeou uma bomba em sua roupa íntima para a clínica que a estava tratando por queimaduras graves.
É realmente tão irracional que Israel verifique cuidadosamente os riscos de segurança e que nem todos consigam autorização porque estes riscos realmente existem?
Pare e pense nisso: Gaza se declarou inimigo de Israel, está envolvida em uma guerra ativa contra o povo israelense, destrói seus próprios hospitais e infraestrutura médica para fins militares, e, no entanto, Israel ainda providencia cuidados médicos constantes aos moradores de Gaza, muitas vezes com grande risco pessoal para os civis de Israel. Esse tipo de cuidado humanitário para um inimigo ativo é quase inédito, não só em todo o mundo, mas ao longo da história humana.
Dado o enorme perigo que Gaza representa para Israel, é de se esperar que Israel queira realizar verificações de segurança antes de permitir que os residentes de Gaza entrem em seu território.
A AFP verificou se algum dos palestinos que não conseguiram visto para entrar em Israel estava de alguma forma conectado com a máquina militar do Hamas?
A AFP comentou algo sobre Israel realizar milhares de procedimentos médicos humanitários todos os anos de forma quase inédita na história da civilização?
Claro que não…
Em vez disso, a AFP pegou um dos atos mais notáveis ??de cuidado humanitário no mundo atualmente, e mostrou apenas o pequeno espaço do copo vazio.