Com a atenção mundial voltada para as Olimpíadas no Rio de Janeiro, uma queixa da delegação palestina – que conta com 6 atletas somente – contra Israel tomou conta da mídia. Entre todos os problemas técnicos destes jogos com mais de 200 países participantes…
No domingo, o Comitê Olímpico da Palestina emitiu uma reclamação ao COI dizendo que Israel teria retido os uniformes da sua delegação e, por sua vez, os atletas palestinos teriam que comprar roupas para competir. Segundo a reclamação, a equipe palestina foi ainda forçada pelas autoridades israelenses a partir para o Rio de Janeiro sem roupas e equipamentos que ainda precisavam passar pela alfândega em Israel.
A reclamação apareceu no O Globo, no Jornal Hoje, no UOL (duas vezes), no Globo Esporte, no Jornal do Brasil, na Band online, etc.
E em todos estes veículos, a mesma informação: Os uniformes e equipamentos dos palestinos foram detidos na alfândega em Israel. O grupo não tinha esperanças de que seus pertences chegassem e não sabiam o que fazer.
Os atletas receberam ainda ordens para não comentar o assunto! Apenas, é claro, que eles precisariam comprar roupas se não, não teriam como competir.
O Jornal Hoje, ainda abriu uma reportagem sobre a cerimônia de boas-vindas de atletas do mundo todo, com a notícia da retenção dos uniformes palestinos por Israel. No final, a repórter diz que os uniformes “já foram liberados”. Um assunto resolvido, mas que não poderia faltar na abertura de uma reportagem ao vivo das Olimpíadas, não é?
A primeira notícia da UOL fala que apesar do problema, os palestinos estão felizes em competir, especialmente porque a Palestina não é membro da ONU e sofre com as restrições de Israel.
Para poderem viajar, por exemplo, precisam sair de qualquer cidade palestina e se dirigirem à Jordânia para tomar um avião, pois não há aeroporto em território palestino e o acesso a Israel é proibido.
Se o acesso a Israel é proibido e os palestinos dirigem-se das cidades palestinas direto para a Jordânia, por que as autoridades israelenses estariam envolvidas na apreensão de seus pertences? E um dos atletas que mora em Gaza, qual será seu segredo para aparecer na Jordânia sem entrar em Israel antes?
O QUE REALMENTE ACONTECEU
Ainda na segunda-feira, quando a Autoridade Fiscal israelense soube do ocorrido, esta afirmou que não estava sabendo do caso, mas ficaria feliz em ajudar se os palestinos pedissem. Depois, vem o esclarecimento:
Hoje (02/08) a alfândega israelense recebeu os detalhes dos palestinos sobre os uniformes. O oficial da alfândega palestina estava doente e não lidou com esta questão até hoje. O Ministério de Relações Exteriores de Israel autorizou a liberação dos uniformes muito rápido (às 10h30 desta manhã – horário de Israel – 4h30 no Brasil) e o problema foi resolvido.
Ou seja, as roupas e equipamentos da delegação palestina ficaram em Israel por um erro da alfândega palestina e assim que o problema chegou ao conhecimento das autoridades de Israel, estas rapidamente liberaram os pertences para envio ao Rio de Janeiro.
Os atletas palestinos estavam prestes a competir (ou talvez não) sem uniformes e equipamentos necessários porque um oficial da alfândega palestina estava doente e não tendo ninguém para substituí-lo (surpreendentemente), a carga ficou parada em Israel. Algo bem grave, em se tratando do risco de uma delegação olímpica não poder competir.
Além da notícia da UOL ontem que explicou o motivo pela retenção dos pertences palestinos, não houve maiores explicações em quaisquer outros veículos.
Mas é bem óbvio.
Você não verá manchetes na mídia destacando a enorme falha da alfândega palestina, você verá apenas que Israel não deixou a carga passar. Afinal, o que chamaria mais atenção do que uma suposta tentativa de Israel de prejudicar os palestinos?
Esperemos que a delegação palestina jogue limpo pelo menos nas Olimpíadas.