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De acordo com o Jerusalem Post, como resultado do trabalho do HonestReporting, o Gabinete de Imprensa do Governo de Israel não renovará a credencial de imprensa de Loewenstein, o que significa que ele terá de deixar o país.
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Julgando pelo feed do Twitter de Antony Loewenstein, parece que nós chamamos sua atenção:
Fanatical #Zionist lobby “exposes” me as a journalist working in #Israel/#economic when all my work/background is widely available online https://t.co/UdWKxD8teV
— Antony Loewenstein (@antloewenstein) December 15, 2016
(Lobby sionista fanático me “expõe” como um jornalista trabalhando em Israel/economia quando todo o meu trabalho/histórico está amplamente disponível online – Antony Loewenstein (@antloewenstein) 15 de dezembro de 2016)
.@antloewenstein The issue is that a hateful BDS activist shouldn’t be running around Israel with a press card & @FPAIsPal membership.
— HonestReporting (@HonestReporting) December 15, 2016
(AL: Eu sou um jornalista freelance, tenho sido desde 2005. A “pesquisa” na sua história está errada em todos os sentidos #nãoquevocêseimporte)
(HR: @Antloewenstein A questão é que um ativista odioso do BDS não deveria estar rodando por Israel com um crachá de imprensa & afiliação a @FPAIsPal.)
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Quando o presidente do partido Yesh Atid, Yair Lapid, respondeu a uma pergunta hostil em uma conferência de imprensa semana passada em Jerusalém, ele não imaginava o quão certeiro seria quando atacou o jornal The Guardian e alguns meios de comunicação por usarem uma abordagem unilateral em relação a Israel e os palestinos.
A pergunta fora feita por um ativista anti-Israel em um evento organizado pela Foreign Press Association (FPA) de Israel. O ativista também portava um crachá de imprensa oficial emitido pelo Escritório de Imprensa do Governo de Israel (GPO). Sérias perguntas precisam ser feitas a respeito de sua filiação no FPA, da devida diligência do GPO e de suas auto-declarada e duvidosa ligação com o The Guardian.
O questionador era Antony Loewenstein, que se identificou como jornalista freelance para algumas publicações, incluindo o The Guardian. No entanto, quando o HonestReporting perguntou diretamente ao The Guardian sobre ele, incrivelmente Peter Beaumont, correspondente do jornal em Israel, respondeu em um e-mail: “Eu não nada [sic] sobre Antony Loewenstein”.
Além disso, Harriet Sherwood, uma ex-correspondente em Israel e atual correspondente de religião do The Guardian, publicou o seguinte no Facebook em resposta à história original do Jerusalem Post sobre a aparição de Loewenstein no evento da FPA:
De qualquer forma, Loewenstein estava na conferência de imprensa. O Jerusalem Post descreveu a conversa da seguinte maneira:
“Você falou antes que desde Oslo, Israel fez pouco ou nada de errado, mas a verdade é que 2017 é o 50º aniversário da ocupação.
Existe agora de 600.000 a 800.000 colonos, todos considerados ilegais pela lei internacional, incluindo os seus amigos em Amona aparentemente.”
“Não há aqui uma ideia iludida de muitos políticos israelenses, incluindo você, que continuam a acreditar que se pode falar com o mundo sobre democracia, liberdade e direitos humanos, enquanto nega isso a milhões de palestinos e não chegará o tempo, em 1 ano, 5 anos, 10 anos, em que você e outros políticos serão tratados como políticos sul-africanos durante o apartheid?”, ele perguntou.
Lapid respondeu: “O problema é que os palestinos são encorajados pelo The Guardian e outros, dizendo, ‘nós não precisamos fazer nada para trabalhar pelo nosso futuro, porque a comunidade internacional chamará Israel de país de apartheid’”, afirmou Lapid.
[Veja a resposta completa de Lapid no vídeo abaixo.]
Quem é o verdadeiro Antony Loewenstein?
Antony Loewenstein não é simplesmente um jornalista. Ele também é um proeminente ativista anti-Israel em sua terra-natal Austrália e um defensor público do movimento Boicote, Desinvestimento e Sanções (BDS).
Seu próprio blog inclui um post intitulado “Apoiando pessoalmente o BDS contra Israel“, onde ele publica uma declaração que fez em um evento do BDS em Sidney, em 2014.
Alguns trechos reveladores:
Eu apoio o BDS primeiro como ser humano e segundo como judeu. Não acredite na falsa retórica da imprensa corporativa, de alguns políticos e dos meios de comunicação, assim como do lobby sionista de que o BDS é antissemita ou discriminatório. …
O BDS está trabalhando, removendo a legitimidade de uma nação que diz ser uma democracia, mas oprime milhões de palestinos todos os dias. Eu vi isso com meus próprios olhos em Israel, propriamente, Cisjordânia e Gaza. …
O BDS está crescendo e eu tenho orgulho de fazer parte de um movimento global liderado pelos palestinos mais diretamente afetados.
O feed do Twitter de Loewenstein também contém evidências de seu ativismo no BDS.
As #Israel causes chaos in #Gaza, need for #BDS grows; I’m speaking today in #Sydney about its relevance and growth http://t.co/f8echSJzTr
— Antony Loewenstein (@antloewenstein) July 20, 2014
(Enquanto Israel causa caos em Gaza, a necessidade pelo BDS cresce; Eu falarei hoje em Sidney sobre sua relevância e crescimento)
Loewenstein é claramente incapaz de reportar sobre Israel de maneira justa e objetiva. No entanto, o HonestReporting descobriu que ele é um membro associado da FPA de Israel.
Como é que o FPA, que representa os interesses de centenas de jornalistas estrangeiros cujo trabalho é reportar sobre Israel e os palestinos, permite que um ativista anti-Israel seja seu membro? O HonestReporting fez esta pergunta diretamente ao conselho do FPA.
O secretário executivo do FPA, Glenys Sugarman, respondeu reconhecendo estas preocupações, mas afirmou que Loewenstein é um jornalista freelance que foi credenciado pelo GPO. Mas, no que diz respeito ao FPA, a associação “impede os membros de procurar ou manter cargos políticos – uma proibição que aplicamos recentemente – mas, além disso, não regulamos suas opiniões políticas“.
É claro que Loewenstein tem o direito de manter qualquer posição política que goste. Isso, no entanto, não é a questão. A FPA prefere claramente não enfrentar a contradição inerente entre um jornalista credível e um ativista do BDS.
Uma vez que Loewenstein tenha sido credenciado pelo GPO, a pergunta que precisa ser feita é como ele foi capaz de obter um crachá de imprensa, algo que deveria ser revogado. Tal credenciamento dá ao jornalista o direito de trabalhar em Israel e os benefícios de acesso. É perfeitamente possível que Loewenstein seja deportado de Israel e proibido de entrar através de uma política que alveja ativistas estrangeiros do BDS atualmente no país se a legislação proposta passar no Knesset.
Outras questões levantadas
Será que Loewenstein ganhou o seu crachá de imprensa oficial, alegando escrever para o The Guardian? Se sim, então isto pode ser revertido. O HonestReporting contatou o Guardian diretamente, e mostrou que a contratação de Loewenstein equivaleria a contratar um lobista corporativo para ser o correspondente de negócios de um jornal.
Será que Loewenstein apresentou-se falsamente no evento da FPA para Yair Lapid, como trabalhando diretamente para o The Guardian? Dadas as reações de Peter Beaumont e Harriet Sherwood, achamos que Loewenstein foi apanhado carregando desonestamente credenciais da imprensa, em um esforço para se apresentar como um jornalista credível.
Isso poderia muito bem ser o caso. O diretor das notícias internacionais no The Guardian, Jamie Wilson, respondeu ao HonestReporting afirmando que Loewenstein foi contratado para escrever comentários para o Guardian Austrália e continua a ser um contribuidor ocasional, mas ele “não é um correspondente de notícias para o Guardian em Israel“. Também nos foi transmitido que foi dito a Loewenstein que no futuro ele se certificasse de não fazer referência ao The Guardian em conferências de imprensa, a menos que ele esteja trabalhando em uma comissão direta.
O editor-chefe do HonestReporting, Simon Plosker, disse:
O distanciamento do Guardian de Loewenstein é um bom resultado. Pedimos agora a FPA que revogue sua afiliação à organização, uma vez que o seu ativismo no BDS é incompatível com o jornalismo sobre Israel de forma profissional. Tendo sido exposto como um ativista do BDS, o credenciamento de Loewenstein pelo GPO deve ser imediatamente revogado e é preciso perguntar como um ativista do BDS foi capaz de adquirir um crachá de imprensa.
Em última análise, a exposição de Loewenstein é um alerta para a mídia mainstream quando se trata de ética jornalística e o uso de repórteres freelance. Frequentemente, a área cinzenta entre jornalista e ativista é ignorada, danificando a reportagem profissional e objetiva sobre Israel. Desta vez, há uma linha clara e Antony Loewenstein a ultrapassou.
Esperamos as respostas dos envolvidos, bem como os resultados relativos ao status de Loewenstein. Nós, obviamente, manteremos nossos leitores atualizados.
Crédito da imagem em destaque: YouTube
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