O G1 publicou no dia 1º de março uma notícia cuja manchete anunciava “Soldados e policiais israelenses matam palestino perto de Jerusalém”. Com informações da Agência de Notícias Francesa (AFP), a notícia não mediu esforços para chamar maior atenção do público a um lado da história: o da agressão por parte das Forças de Segurança de Israel contra palestinos.
Na continuidade, o subtítulo dá maiores explicações ao relatar que segundo Israel, jipe militar entrou por engano em campo de refugiados e foi atacado com pedras e coquetéis molotov.
A notícia começa:
Soldados e policiais israelenses mataram um palestino e feriram outros dez no campo de refugiados de Qalandiya, situado na Cisjordânia ocupada, perto de Jerusalém, indicaram nesta terça-feira (1º) fontes médicas palestinas.
Violentos confrontos foram registrados depois que um jipe militar com dois soldados a bordo entrou por engano no campo de refugiados, afirmou uma porta-voz da polícia, que também informou sobre cinco agentes feridos.
Uma manchete claramente tendenciosa e um relato que não se atem à cronologia dos acontecimentos podem criar um único (e deturpado) foco: a execução de um palestino pela polícia de Israel em um confronto dentro do campo de refugiados. Dessa maneira, a notícia presta uma explicação confusa da história sem diferenciar com clareza causa e consequência.
Como o conflito ocorreu:
Um jipe com dois soldados israelenses entrou por engano em um campo de refugiados palestinos devido a um erro do aplicativo de navegação Waze, segundo as autoridades israelenses. Uma vez dentro do campo, o jipe foi atacado por palestinos com pedras e coquetéis molotov provocando incêndio no veículo. Os soldados então chamam por resgate e fogem a pé dos palestinos que continuaram a atacá-los, inclusive com arma de fogo. Quando o reforço militar chega para retirar os soldados dali, tem início uma grande troca de tiros que levou à morte de um dos atacantes palestinos.
As vítimas:
A notícia descreve a vítima fatal do confronto:
A vítima palestina, Eyad Omar Sajdia, estudante, tinha 22 anos, disse o Ministério da Saúde palestino.
O palestino morto é tratado como simples vítima do ocorrido. Era jovem e estudante. Não há maiores explicações de que antes de ser executada, a mesma vítima atirou contra os policiais, tentando matá-los.
Além disso, apesar de os dois soldados perdidos terem sido encontrados “sãos e salvos”, como diz a notícia, outros 10 militares israelenses das forças de resgate foram feridos.
Do lado palestino: 10 dos atacantes feridos e um morto.
Sobre o campo de refugiados:
Qalandiya está localizada na “Zona A” da Cisjordânia, área sob controle militar e administrativo da Autoridade Palestina. Esta também é responsável pelo policiamento e segurança da região. O campo de refugiados tem uma reputação de violência, falta de aplicação das leis e terrorismo, e a polícia palestina normalmente não realiza esforço para impor a lei e a ordem, embora Qalandiya esteja sob sua jurisdição.
