Ontem a noite, um civil israelense de 35 anos morreu por um ataque terrorista. O rabino e médico voluntário Raziel Shevach, pai de 6 filhos, passava de carro por uma estrada perto de Havat Gilad – assentamento na Cisjordânia, onde morava – quando foi baleado. O Exército de Israel (IDF) ainda está à procura do atacante.
O jornal O Globo fez uma chamada aceitável para sua matéria sobre o incidente: “Israelense morre após ser baleado perto de colônia na Cisjordânia”. Já a imagem usada como ilustração, nem tanto…
O que a imagem de um confronto entre um palestino e soldados israelenses tem a ver com o assassinato de Raziel? Será que o O Globo não tinha nenhuma imagem que ilustrasse melhor o ataque a um civil israelense do que a de um palestino protestando diante de soldados armados? Não há fotos do local do ataque? De ambulâncias? Não há fotos de Raziel?
Será que o jornal não consegue perder uma oportunidade de perder a oportunidade de mostrar o lado do sofrimento israelense quando a matéria é justamente sobre isso?
Além disso, a matéria traz informações falsas sobre a Cisjordânia:
A Cisjordânia nunca foi um território inteiramente palestino. Sua área fora designada pela ONU em 1947 para compor um Estado árabe, mas o plano nunca foi concretizado por conta da recusa árabe e início da Guerra de 1948. Em 1949, a Cisjordânia ficou sob poder da Jordânia até o fim da Guerra de 1967 quando Israel conquistou a área em uma guerra defensiva, após a Jordânia atacar o Estado judeu deliberadamente. Nos anos seguintes Israel foi se retirando aos poucos em diferentes acordos para a paz.
Uma vez que a soberania sob a Cisjordânia nunca foi reconhecida pela comunidade internacional como sendo jordaniana nem israelense, a Cisjordânia tem sido um território em disputa desde o fim do Mandato Britânico. Os acordos interinos entre Israel e a OLP de 2000 estipularam pela primeira vez oficialmente, quem controlaria porções específicas do território que foi dividido em três: Zona A, principais áreas árabes, controlada civil e militarmente pela Autoridade Palestina (AP); Zona B, cidades e vilas palestinas onde a AP exerce o controle civil e a IDF, o controle militar; e Zona C, considerada ainda em disputa, onde estão os assentamentos israelenses.
Ou seja, dizer que a Cisjordânia é um território palestino, e que as colônias israelenses foram implantadas em territórios palestinos é historicamente falso e desinforma os leitores.
O HonestReporting contatou o jornal O Globo para pedir mudanças. Quer ajudar? Acesse https://oglobo.globo.com/fale-conosco/