ATUALIZADO
O Estadão adicionou a seguinte informação a sua matéria:
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Ética profissional no jornalismo exige objetividade, equilíbrio e contexto, de modo que um leitor de notícias possa entender totalmente uma história e fazer seus próprios julgamentos, bem informados sobre quaisquer questões morais envolvidas.
Por isso é perturbador que o Estadão jogue seu profissionalismo pela janela ao publicar um especial produzido por Lourival Sant’Anna sobre a situação dos palestinos na Faixa de Gaza: ele expõe as dificuldades de 3 palestinos impedidos de melhorar de vida por causa de Israel, que não lhes concede uma autorização para entrar no país, enquanto omite completamente o lado israelense que provê ajuda humanitária diariamente para a Faixa, sendo tal ajuda a maior fonte de qualidade de vida que palestinos sem recursos conseguem adquirir, mesmo tendo um governo próprio.
Uma propaganda anti-Israel, disfarçada de matéria.
Em “Disputa entre palestinos agrava cerco à Faixa de Gaza”, Sant’Anna descreve as mazelas de 3 palestinos. A primeira, com câncer, não consegue o tratamento adequado em Gaza, pois não há recursos. Ela conseguiria em Israel, mas não recebeu autorização para entrar.
Israel não permite que ela cruze o muro que cerca o território para tratar o câncer e uma disputa entre as facções palestinas agrava a falta de medicamentos.
Dos 7 mil pacientes com câncer na Faixa de Gaza, 800 aguardam permissão de Israel para cruzar Erez.
Por que Sant’Anna não cita que em 2016, mais de 30 mil pessoas da Faixa de Gaza receberam tratamento médico em Israel? Ou que mais de 7.000 toneladas de suprimentos médicos foram transferidos de Israel para hospitais e clínicas na Faixa de Gaza? E também não fala sobre as ambulâncias israelenses prontas para atuar 24/7 toda semana no cruzamento de Erez.
O corte no orçamento da administração do Hamas pela Autoridade Palestina (AP) – que administra a Cisjordânia e pressiona por um governo de coalizão – causa escassez de medicamentos.
Disputas entre as facções palestinas ou cortes de orçamento não agravam tanto a falta de medicamentos quanto a corrupção no governo palestino. Mas a matéria não se dá ao trabalho de citar os 90 milhões de dólares gastos pelo Hamas na construção de túneis terroristas para atacar israelenses (em 2014 – mas o número aumentou desde então), ou os 180 milhões de dólares para salários de terroristas pagos anualmente pela Autoridade Palestina “moderada”.
Imagine quantos tratamentos de câncer o governo palestino poderia ter fornecido com esses recursos? Pense nisso, pois as matérias do Estadão não o farão.
O Estadão também não compartilhará com seus leitores que os palestinos têm maior expectativa de vida, menor mortalidade infantil e saúde global melhor que a maioria de seus vizinhos árabes, devido em grande parte ao tratamento em hospitais israelenses, bem como investimentos estrangeiros (inclusive israelenses) nos sistemas de saúde palestinos.
Pior de tudo, a matéria evita totalmente o fato perturbador de que, às vezes, pacientes palestinos tentam explodir os próprios hospitais que os tratam: como as irmãs Diana e Nadia Hawila, que foram pegas tentando contrabandear bombas tubo e explosivos de fertilizantes para a clínica onde estavam sendo tratadas por câncer; ou Wafa al-Biri, que contrabandeou uma bomba de 20 libras em sua roupa íntima para a clínica que a estava tratando por queimaduras graves.
É realmente tão irracional que Israel verifique cuidadosamente os riscos de segurança em tais circunstâncias e que nem todos consigam autorização porque estes riscos realmente existem?
A palestina, diz Sant’Anna, também mora em condições precárias:
Dalal, de 29 anos, vive em uma cabana de palha onde a família mora, em Abu Safiya, na zona rural da Faixa de Gaza, desde que o bombardeio israelense na guerra contra o Hamas, em 2014, destruiu sua casa.
O jornalista Hunter Stuart, em artigo exclusivo para o HonestReporting, relata suas experiências reportando de dentro da Faixa de Gaza. Sobre as moradias no território, ele relata:
Durante oito dias na Faixa, eu não vi um único edifício danificado pela guerra até que pedi especificamente a minha guia que me mostrasse um. Em resposta, ela me levou a Shujaya, um bairro da Cidade de Gaza, que é uma conhecida fortaleza do Hamas e ainda está visivelmente danificada pela guerra de 2014.
A destruição em Shujaya era chocante? Sim. Mas era muito localizada, e não espelhava em nada o resto de Gaza. O resto de Gaza não é tão diferente de muitos países em desenvolvimento: as pessoas são pobres, mas conseguem viver, e mesmo se vestir bem e serem felizes na maioria do tempo. Na verdade, existem partes na Faixa que são bastante agradáveis. Saí para comer em restaurantes onde as mesas são feitas de mármore e os garçons usam coletes e gravatas. Eu vi imensas moradias na praia que não ficariam atrás em Malibu, e – do outro lado da rua dessas moradias – visitei uma nova mesquita de 4 milhões de dólares.
acho estranho que, de vez em quando, as organizações de notícias estrangeiras não considerem oportuno publicar um artigo sobre os bairros ricos de Gaza ou as mesquitas de milhões de dólares. Mas não, elas preferem se concentrar na pequena minoria da Faixa que ainda está danificada da guerra com Israel em 2014 (uma guerra que, a propósito, o Hamas começou) porque é isso que confirma a narrativa de que Israel é uma superpotência brutalizando árabes para seus próprios propósitos egoístas.
Com as declarações de Stuart que viu in loco a realidade, não precisamos dar maiores explicações das intenções de jornalistas que promovem apenas a parte pobre da história…
Outra palestina abordada na matéria toca instrumentos musicais e quer fazer um curso de especialização na Europa, mas não consegue autorização de Israel para sair…
Em contrapartida, em 2016, cerca de 80 mil autorizações foram emitidas para a passagem de palestinos de Gaza para Israel, Cisjordânia e exterior. Se 100% dos palestinos deveriam receber tais autorizações, não cabe a nós, aos leitores ou a jornais julgarem, mas cabe a todos nós conhecer os dois lados da moeda.
O último palestino abordado teme pelo fechamento do negócio da família pela crise econômica.
Pela primeira vez desde que seu pai e sua mãe abriram a fábrica de biscoitos, doces e salgados, em 1979, Yussef Shomer teme que ela não sobreviverá até o ano que vem. Em 2000, antes da Segunda Intifada, a fábrica tinha 120 empregados. Hoje, tem 60.
É claro que depois da Segunda Intifada a situação econômica palestina piorou. Ataques violentos contra israelenses foram realizados com morteiros e mísseis antitanque contrabandeados ilegalmente na Faixa de Gaza. Na época, palestinos lançaram morteiros em comunidades judaicas em Gaza e Israel, e mísseis antitanque foram disparados contra as forças israelenses em Gaza. A violência causou uma redução acentuada no turismo palestino e indústrias relacionadas foram danificadas. Os ataques terroristas também forçaram Israel a proibir periodicamente que trabalhadores palestinos entrassem em Israel, prejudicando os ganhos de indivíduos e suas famílias.
Na época, 80% dos produtos consumidos em Gaza eram de produção local; hoje, é o inverso: 80% são importados.
Os milhões de dólares disponíveis para o terrorismo não estão disponíveis para o desenvolvimento econômico local. Mas pelo menos Israel manda anualmente centenas de milhares de bens para Gaza incluindo comida, medicamentos, materiais de construção, etc.
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Certamente, é justo que um jornalista explore a experiência subjetiva de um entrevistado palestino. É também justo investigar o peso real que as barreiras entre Gaza e Israel criam na vida diária palestina.
No entanto, esconder o contexto, cobrir fatos inconvenientes, disfarçar opiniões de notícias, e deixar de incluir declarações do outro lado que equilibrem o discurso, viola claramente os padrões profissionais do jornalismo, bem como o senso comum básico.
O artigo contém 602 palavras, 1 foto e 3 infográficos, mas:
Número de palavras de autoridades israelenses: zero.
Número de palavras que explicam por que o cerco de Gaza é criticamente necessário hoje (para prevenir o terrorismo palestino em curso): zero.
Número de palavras de quaisquer israelenses: zero.
Além disso, mesmo que o foco desta matéria seja sobre como o cerco de Israel afeta os palestinos, não seria inapropriado trazer a mesma sensibilidade para explorar como a ausência deste cerco afetava os israelenses: talvez através de entrevistas e fotografias de vítimas de terrorismo. Tal exploração seria apropriada para um artigo complementar: um que seja igualmente sensível e evocativo, mas que se aprofunde nos motivos para o cerco e as conseqüências mortais de removê-lo.
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