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Veja Ignora Contexto e Perverte Discurso de Netanyahu no Enterro de Peres

A matéria da Veja sobre o funeral de Shimon Peres não proporcionou ao leitor nada mais além de desinformação. O discurso de Netanyahu – diga-se, as poucas partes que a matéria aborda – foi completamente desvirtuado. Primeiro,…

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matéria da Veja sobre o funeral de Shimon Peres não proporcionou ao leitor nada mais além de desinformação. O discurso de Netanyahu – diga-se, as poucas partes que a matéria aborda – foi completamente desvirtuado.

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Primeiro, a Veja dá a entender que Netanyahu mencionou todos os líderes presentes pelo nome, menos Abbas. Vamos ao discurso real:

Presidente Obama, Presidente Clinton, Rei Filipe, da Espanha, Príncipe Charles, da Grã-bretanha, o Grão Duque de Luxemburgo, presidentes, primeiros-ministros, ministros, amigos de perto e longe.

Certamente, ele não mencionou Abbas pelo nome, ou François Hollande, ou Nicolas Sarkozy, ou Justin Trudeau, ou Angela Merkel, porque mencionar todos os 80 líderes mundiais presentes levaria um certo tempo.

Em seguida, a matéria completou:

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Quem lê este parágrafo de frase ‘solta’, sem um mínimo de contextualização do discurso de Netanyahu, entende apenas que comparado a Shimon Peres, o primeiro-ministro tem uma posição mais radical sobre as negociações de paz e, portanto, acredita que o meio para alcançar a paz é a preservação do poder. Mas, na verdade, essa era a posição de comum acordo entre os dois líderes. E o que essa frase significa exatamente? De que poder ele está falando? Olhemos mais a fundo:

Nós dois estávamos certos. Em um turbulento Oriente Médio, onde só o forte sobrevive, a paz não será alcançada se não pela preservação permanente de nosso poder. Mas o poder não é um fim em si mesmo. É um meio para um fim. Onde o objetivo é garantir a nossa existência nacional e a coexistência. Para promover o progresso, a prosperidade e a paz – para nós, para as nações da região, e para os nossos vizinhos palestinos.

Peres e Netanyahu, apesar de divergências entre esquerda e direita, concordavam que apenas um Estado de Israel forte, capaz de se defender e sobreviver a guerras, poderia, então, fazer a paz com seus vizinhos. E mais, Peres e Netanyahu concordavam no poder da inovação e da tecnologia como bases para um país forte e apto à paz:

Shimon sempre olhou para o futuro. Ele acreditava, como nós acreditamos, no progresso, na ciência e na tecnologia. Eles têm o poder de reforçar a nossa segurança, bem como de estabelecer as futuras bases para a paz. Se nós alimentarmos estas capacidades e agirmos resolutamente contra os inimigos do progresso, a modernidade triunfará sobre a barbárie, o bem prevalecerá sobre o mal, e a luz derrotará a escuridão.

Permeada por omissões seletivas e completa falta de contextualização das partes do discurso destacadas, a Veja não mostra nada mais que um jornalismo precário e tendencioso.

 

Imagem: Emil Salman/POOL

 

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