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Reflexões Sobre o Ataque Terrorista na Minha Rua

Israel tem relutado em devolver os corpos de terroristas palestinos a suas famílias uma vez que os sepultamentos transformaram-se em grandes paradas de suporte ao terrorismo contra Israel. Essa política vem mudando aos poucos mediante acordos feitos com…

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Israel tem relutado em devolver os corpos de terroristas palestinos a suas famílias uma vez que os sepultamentos transformaram-se em grandes paradas de suporte ao terrorismo contra Israel. Essa política vem mudando aos poucos mediante acordos feitos com as famílias, que estipulam, entre outros, um sepultamento com número limitado de participantes. Assim, Israel já devolveu a maioria dos corpos de terroristas palestinos, o mais recente deles, o de Bahaa Allyan, o palestino que atacou um ônibus na minha rua.

13 de outubro de 2015, não era uma sexta-feira, mas certamente foi um dia tenebroso. Eu morava no bairro de Armon Hanatziv, em Jerusalém, no Merkaz Klitá (Centro de Absorção) – um complexo de prédios com mini-apartamentos e salas de aula para aprender Hebraico. Geralmente, pessoas do mundo todo que se mudam para Israel escolhem o Merkaz Klitá como primeira moradia.

Ali estávamos, eu e meus novos colegas de diferentes nacionalidades, quando de repente começamos a ouvir sons estrondosos de polícia, ambulâncias e helicópteros. Não havia muita dúvida: outro ataque terrorista.

O ATAQUE

Dois palestinos pararam um ônibus e começaram a atirar e esfaquear passageiros, matando dois deles. Chegando no local, a polícia matou um dos terroristas e prendeu o outro. Muitos feridos foram levados ao hospital onde uma terceira pessoa morreu. Bahaa Allyan, o terrorista morto tinha apenas 23 anos e morava em Jebl Mukaber, o bairro palestino vizinho ao nosso.

Allyan era um afiliado do Fatah que junto com o apoiador do Hamas, Bilal Abu Ghanem, abordou a linha 78, o ônibus que passa pelo Merkaz Klitá e que eu e todos os jovens que moravam ali, pegávamos todos os dias para ir e voltar do centro da cidade, para trabalhar ou fazer compras no supermercado. O ataque ocorreu na parte de cima da nossa rua.

Allyan e Abu Ghanem tiraram a vida de Alon Govberg, um homem solitário de 51 anos, cujo enterro contou com centenas de pessoas que resolveram prestar tributo a um desconhecido; Haviv Haim, um idoso de 78 anos que voltava com sua esposa de uma consulta médica no momento do ataque; e Richard Lakin, um professor de 76 anos, baleado e depois esfaqueado no rosto e no peito. Lakin era famoso, lutou no movimento americano pelos direitos civis e, em Israel, era um conhecido ativista pela coexistência entre judeus e palestinos; ensinava inglês para os dois. Antes do ataque, Lakin havia passado por uma cirurgia e no hospital recebeu a visita de ninguém mais, ninguém menos que o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon.

A HIPOCRISIA MUNDIAL

O ataque ao ônibus 78 foi um dos primeiros da “onda de violência” – como diz a mídia – que começou em setembro de 2015, em Jerusalém. Não muito diferente dos períodos de guerra, nesses últimos meses, ouvimos constantemente líderes mundiais se pronunciarem sobre o uso desproporcional da força por parte de Israel. O que Israel considera defesa própria contra palestinos que tentaram matar alguém em ataques específicos ou em confrontos em grupo, o mundo chama de força desproporcional.

Lendo os noticiários daquele dia, lembro de ter me deparado com a notícia de que Ban Ki-moon condenou o “uso excessivo da força” por Israel nos últimos confrontos com palestinos. Quanta ironia do Sr. Ban Ki-moon. Talvez se um policial ou soldado israelense estivesse dentro do ônibus, seu amigo Richard Lakin não teria morrido.

Então, me peguei pensando, trancada em meu apartamento, em quais seriam as reações mundiais se dentro daquele ônibus estivesse um grupo do Merkaz Klitá, com jovens recém-chegados a Israel do Brasil, Argentina, Estados Unidos, França, Inglaterra, Rússia, etc. Talvez se um de meus colegas americanos – D-us nos livre – estivesse entre as vítimas, os EUA lamentariam. Mas seria apenas mais um episódio de hipocrisia. Porque se a polícia israelense tivesse matado os palestinos no início do ataque, antes que eles conseguissem matar alguém, a administração de Obama chamaria de “força desproporcional”.

Os atentados passam, e a vida continua…

não só para mim e meus colegas – cujo medo de sair na rua em uma época em que os palestinos do nosso bairro vizinho viviam seus “dias de fúria“, demorou alguns dias para sumir – mas certamente também para os terroristas, inclusive para aqueles que morreram. Depois que Allyan foi morto pela polícia israelense na cena do ataque, seu “legado” continuou: seu pai começou uma campanha “pela memória” do filho em escolas primárias e universidades palestinas, palestrando em apoio às suas ações terroristas. Até a filial palestina da Organização Mundial dos Escoteiros deu cursos de treinamento em homenagem a Allyan…

E assim, o conflito transforma-se em um ciclo que se retroalimenta.

Mas nós não nos deixamos intimidar. Nem os recém-migrados para Israel, nem os que estão ainda espalhados pelo mundo prestes a se mudar para o país. Como Richard Lakin, nós viemos a Israel para defender as causas nas quais acreditamos, apesar de sermos tachados de desproporcionais.

Bem, Richard Lakin era um judeu e cidadão israelense que morreu por portar esse perfil, nas mãos de alguém em quem ele teve fé até o fim, uma desproporcionalidade…

E Ban ki-moon…

Ele visitou seu amigo no hospital e depois pisou nele, totalmente desproporcional.

 

Imagem: Yonatan Sindel/FLASH90

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