Parte 2 de uma série de 8 partes que explica As 8 Categorias da Mídia Tendenciosa.
Violação #2
Desequilíbrio Informativo
O jornalismo distorce as notícias através de uma cobertura desproporcional, apresentando apenas um lado da história, ou colocando pontos de vista como situação vigente.
Para fins de jornalismo, equilíbrio é definido como:
Um estado em que diferentes coisas ocorrem em quantidades iguais ou adequadas, ou têm uma importância igual ou adequada.”
O desequilíbrio pode vir em muitas formas, como artigos que citam vários palestinos, mas apenas um israelense (muitas vezes, apenas brevemente); sites onde o balanço de artigos de opinião e cartas é extremamente crítico à Israel; fotografias mostrando apenas um lado; e pontos de vista apresentados como mainstream.
A cobertura proporcional é um aspecto do equilíbrio. Quando editores organizam uma história específica com gráficos extras, comentários relacionados, recursos interativos, e conversas nas mídias sociais, eles estão atribuindo importância ao problema.
A proeminência é outro aspecto do equilíbrio. Nem todos os acontecimentos garantem a atenção da primeira página. Ignorar eventos importantes também configura cobertura desproporcional.
Assista a jornalistas do Jerusalem Post e Jerusalem Center for Public Affairs discutirem sobre o desequilíbrio informativo com o HonestReporting.
Abaixo alguns exemplos de falhas que destacam as diferentes facetas do que torna uma notícia/reportagem “equilibrada”.
EXEMPLO: Em 2009, o Breaking the Silence, uma organização não governamental onde ex-soldados dizem expor má conduta da IDF (Exército de Israel), emitiu uma reportagem alegando abusos durante a Operação Chumbo Fundido. As declarações dos ex-soldados foram consideradas rumores. Qualquer jornalista que leu o relatório da organização deveria ter percebido que era problemático. Mas a mídia britânica deu uma atenção desproporcional ao caso.
O jornal The Independent, por exemplo, publicou uma chamada central na capa com mais de 48 polegadas de coluna. O artigo online também proveu link para o site do Breaking the Silence. O jornal The Guardian, além de sua história principal da primeira página, postou três vídeos, uma coluna e um editorial de equipe.
EXEMPLO: A BBC News foi atacada por não noticiar o massacre de Itamar de 2012, onde terroristas palestinos mataram brutalmente Udi e Ruth Fogel e três de seus filhos. A omissão enfureceu a então primeira-ministra britânica Louise Bagshawe. Funcionários da BBC desculparam-se.
EXEMPLO: Uma história da revista Time de setembro de 2010, intitulada “Por que Israel não se importa com a paz”, colocou os israelenses como desinteressados ??na paz e na resolução do conflito do Oriente Médio. Uma história dessas precisaria de uma seção representativa dos vários pontos de vista israelenses. Em vez disso, o artigo baseou-se nas opiniões de dois vendedores nascidos na Rússia, uma mulher idosa e sua amiga garçonete – todos de Ashdod.
EXEMPLO: Sob a aparência de “notícias equilibradas”, a mídia ocidental gosta de citar especialmente informações e opiniões do jornal israelense de esquerda, Haaretz. A equipe e os contribuidores têm direito a seus próprios pontos de vista, mas os leitores ocidentais recebem uma imagem distorcida de Israel quando o Haaretz é retratado erroneamente como “mainstream”. Seth Frantzman, editor sênior do rival Jerusalem Post, explica por quê:
O principal problema daqueles que lêem o Haaretz no exterior é que eles não entendem a conversa em que estão se juntando quando lêem o Haaretz. Eles pensam que estão lendo sobre Israel em uma publicação de centro-esquerda, semelhante aos principais jornais do exterior, como o Times, El Pais, Corriere Della Serra, Le Monde ou Die Welt. Mas, embora todos esses jornais certamente tenham ideologias políticas e bases de leitores que reflitam certas características demográficas, socioeconômicas e raciais, eles não estão nem um pouco próximos ao Haaretz.
Para entender o Haaretz, é preciso entender que sua taxa de circulação em Israel está em um único dígito como uma porcentagem da população (20-30 mil leitores impressos, em comparação com o maior jornal, o Yediot, que é lido por 60% dos israelenses), e que ele é lido por e escrito para um um grupo pequeno e extremista. Isso foi mencionado acima, observando que os primeiros proprietários e escritores eram decididamente “europeus” em sua cultura e querendo preservar a cultura “européia” na “selva” do Oriente Médio.
EXEMPLO: Avaliando a cobertura do New York Times sobre o conflito em novembro de 2014, a editora pública Margaret Sullivan reconheceu que a cobertura rigorosa da política e da sociedade palestinas é um ponto cego para o seu jornal, mesmo quando Israel recebe cobertura.
Fortalecer a cobertura dos palestinos. Eles são mais do que apenas vítimas, suas crenças e governo precisam de cobertura e escrutínio. Análises realistas sobre o que vem sendo ensinado nas escolas e a forma como o Hamas opera devem ser parte disso. Qual é a ideologia do Hamas? Quais são as suas principais convicções e seus princípios operacionais? Como é a vida diária palestina? Não vi muito disso no The Times.
Outros Exemplos
- O excesso de cobertura da CNN sobre o voo MH 370 desaparecido, ridicularizado por Jon Stewart.
- A super cobertura da mídia britânica do bebê real.
- A mídia húngara que foi instruída a não transmitir imagens de crianças refugiadas na Europa.
- Uma proibição da Casa Branca de cobrir os caixões militares dos EUA retornando do Iraque.
A moratória de 24 horas do jornal The Forward da cobertura de Donald Trump, em parte para chamar atenção para o que a editora Jane Eisner disse ser a cobertura desequilibrada da mídia:
O nosso Trumpatorium [moratória de Trump] também é um reconhecimento do papel que a mídia tem tido, mesmo sem querer, ao elevar o pior na campanha de Trump. Ao tratar a campanha como um reality show em vez de um sério desafio à ordem democrática, permitimos que o candidato contornasse questões substanciais sobre suas propostas e ignorasse inconsistências e mentiras. Nós aumentamos as chamadas de nomes e insultos, focando em pesquisas e na corrida de cavalos política ao invés de caráter. Nós demos a ele o que parecia tempo ilimitado no ar, ignorando as antigas regras de equidade e equilíbrio. Nós o deixamos fazer o que ele faz melhor: definir o mundo em seus termos, as conseqüências cívicas que se danem.”
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As 8 violações da objetividade da mídia
- Terminologias Enganosas: Prejudicar os leitores através da linguagem.
- Desequilíbrio Informativo: Distorção de notícias através de cobertura desproporcional.
- Opiniões Disfarçadas de Notícia: inserindo opiniões ou interpretações inapropriadamente na cobertura.
- Falta de contexto: Retenção de pontos de referência para os leitores.
- Omissão seletiva: Reportar certos eventos em detrimento de outros, ou reter detalhes-chave.
- Usando fatos verdadeiros para tirar conclusões falsas: Infectando notícias com lógica defeituosa.
- Distorção de fatos: colocando os fatos errados.
- Falta de transparência: não ser aberto e responsável para os leitores.
Veja também a introdução desta série.